sexta-feira, 30 de novembro de 2012



Aquela lembrança
Que faz cócegas
Que acontece um sorriso sem ver.
Que esquenta o coração
Sem dominar.
Só deixa a sensação de coisa vivida,
Coisa boa demais.


domingo, 25 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012




Pra chegar ao céu
É preciso sair do chão, 
mas ter como voltar.
Sem cair. Sem se machucar.
Tanto pelo menos.
Tanto tempo leva.
Mais vale a caminhada,
Curtir a construção.
E ao chegar lá em cima
E enxergar o mundo inteiro,
Saber que podemos
Tocá-lo com as mãos.
Que está a nosso alcance.
E não simplesmente 
É uma vista pra se ver.
De longe.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Escritos de um domingo qualquer



Às vezes parece que cavo 
buracos em mim mesma
Para simplesmente
me deixar
cair.

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Perdi o medo de dançar feio 
Para simplesmente dançar. 

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A vida é sem freio 
Sai desembestada arrastando a gente 
Até que um dia a gente aprende a dirigir.

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Como será que sobrevive 
Quem não se deixa escorrer?


sexta-feira, 28 de setembro de 2012


And I can’t see the light 
at the end of this tunnel
I can’t trust It will have and end
I don’t know what I have to do to get of
I’m walking in circles
I’m getting so tired of all.



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sina

Desde menina
minha sina
é ser artista
E ser artista
não é sina boa não

Porque precisa ir
lá na nuvem do seu sonho
E conseguir
arrastá-lo até o chão.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Julho, 31


Se quiser fazer parte
Da minha arte
Tem que ter peito aberto
E muita coragem.

Tem que ter a alegria,
Pra correr nas veias,
Mas também aquela tristeza
Que cria no lamento.


Tem que estar inteiro,
Mas ser só metade
De uma alma em construção.
E ter a cabeça cheia,
Mas um vazio que não cessa.


Ver além do óbvio,
Sonhar uns absurdos,
Questionar o inquestionável,
Dinamitar alguns muros
E romper com os próprios tabus.


Também é imprescindível
Levar consigo uma pedra.
Bem pesada, mas carregável,
Que segure a cabeça de vento
E mantenha ao menos 
Um dos pés no chão.
Se quiser.



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Autorreflexão ao som de jazz


Nos meus sonhos sou sem amarras
que desconhece o que vem, mas quer.
O querer intenso diante de um vale de desejos,
desejáveis em demasia.
Sou a completude no inquieto
que não para de correr nem quando consegue.
Um infinito de bocas entreabertas
Murmurando o tesão do mundo.
Sou por um segundo o que invento
E isso me satifaz.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

[Aos 27] - Obra em construção


Aos 27 entendi que ando perdendo tempo com pequenezas, e que preciso mudar o foco dos problemas para ter a real dimensão deles. Que pequenezas são mesquinhas, mas que sutilezas são mágicas e, perder a sutileza, é perder o encanto.
Percebi que tudo tem seu brilho, e também seu lado fosco, pois não existe nada perfeito. Mas que são as imperfeições que dão nuances à vida, que são os defeitos que nos fazem ver as qualidades e o feio que nos faz perceber o belo, mas que a beleza nem sempre está à primeira vista.

Aprendi o óbvio: que é errando que se aprende a acertar, como criança que precisa colocar o dedo na tomada para entender que dá choque. Descobri que estou me reinventando, e que estou bem longe de estar pronta. Talvez eu nunca esteja. Talvez nem seja esse o objetivo. Os seres humanos estão no mundo como massas de um pão de cozimento lento: primeiro são feitos de vários ingredientes, depois tem que crescer, e são sovados pelas mãos da vida, só então vão para o forno, mas quando chegam no ponto, se vão, devorados pela fome do mundo. Mas percebo que começo a caminhar com passos da mulher que sempre quis me tornar.

Entendi que a arte me pertence, e que pertenço à arte, de tal maneira que sem ela me sentiria amputada. Também vi que a arte não é louvar o erudito, ou criar pedestais que isolam a criação de quem a contempla. Fazer arte é pensar e recriar o mundo, é preencher a alma dos outros, mudar visões, propor idéias e elevar o espírito de quem está com os pés no chão.

Aprendi que para mim tudo tem que ter um significado, mesmo o que parece mais banal e mesmo que eu precise inventar um.  Que não acredito em sucesso sem trabalho, em fazer pela metade. Sou intensa e preciso estar inteira no que faço.

Descobri que cantar não é só soltar a voz, acertar uma nota, animar uma platéia. Ë expressar e ter o que dizer, mesmo que o que se canta não seja seu. É se apropriar da música e se fazer entender através dela. Descobri que atuar para mim significa construir, tijolo a tijolo um personagem, uma idéia e uma catarse.
Tive a certeza de que o palco me liberta, mas também me aprisiona, pois preciso dele. Que no teatro sou Muitas e na música sou Eu. E que não, não quero ter que escolher.

Aprendi aos 27 e depois de algumas decepções - daquelas que a gente exalta, mas que todo mundo tem – que poucos são leais. Que a efemeridade é o composto principal na maioria das relações humanas. E que é assim que deve ser,  pois se houvesse profundidade em excesso, muitos se afogariam.

Aprendi que acreditar em todos não é fé, é ingenuidade e que depois de certa idade e vivência isso se torna inadmissível. Mas também vi que alguns enganam mesmo, por covardia, ou por fraqueza de espírito, e que nesses casos não existe defesa além da prevenção. Mas não, não acho que se deva viver em descrédito, temos mesmo que viver, e aprender.  (Uma vez minha gata – in memorian – entrou no meu quarto toda suja de lama. Na hora nem pensei, peguei a bichana e levei direto pro chuveiro. Com cuidado, que fique claro, mas o  susto foi tanto que ela nunca mais entrou no banheiro! Mas não deixou de explorar os outros cômodos da casa). Deve ser por aí mesmo.

Aprendi que, não importa o que tenha acontecido, temos que acreditar no amor. Mas naquele amor real, aquele que preenche sem iludir, feito de paredes sólidas e valores inextricáveis. Que todo amor é um caminho e que mesmo as princesas de contos de fadas cortaram um dobrado para ter seu final feliz. Mas também aprendi que, antes de amar o outro, é preciso amar a si mesmo, para não virar gato ou sapato de ninguém.

Outra obviedade: Não devemos esperar das pessoas o que elas não são capazes de dar, cada um tem uma limitação peculiar. O autoconhecimento é a melhor forma de entender e cobrar menos de si mesmo e do outro.

27 e 4 meses. Percebi que o corpo muda, e a cabeça também. E que isso é muito bom. Que mudamos a visão, a audição, o tato, o olfato e o paladar. Passamos a gostar de outros sabores, a descobrir outras cores, outros cheiros, outras texturas, outros sons.  Que dá vontade de usar outras roupas e mudar o corte de cabelo. Que dá vontade de arriscar mais por aqui, e de se conter mais por ali. Que tenho a obrigação de ser útil, mas que tenho o direito de ser fútil às vezes. E que as decisões começam a ser mais acertadas. Pelo menos algumas.

Entendi que minha família é começo meio e fim. Antes durante e depois. E que é muito bom ter uma base sólida e reconfortante.

Aprendi que meus amigos de verdade são ainda mais valiosos do que eu já valorizava, Mas que mesmo amando muito eu piso na bola com eles e eles comigo. E que tá tudo bem, contanto que tentemos ser sempre melhores.

Aprendi o valor de perdoar e ser perdoada, e que às vezes é necessário passar o passado a limpo para viver o presente e caminhar para o futuro.  São as lágrimas que lavam a alma e a deixam brilhando para um novo viver. Que devo confiar no meu sexto sentido, e na minha sensibilidade. E que em muitos momentos que não ouvi minha intuição, tive que ouvir de mim mesma um doloroso “eu avisei”.

Percebi que ser sensível não é ser louca. Ë ser plena. Que pra mim louco é quem faz tudo sempre igual, e que só vê a casca das coisas. Deve ser tão chato viver sem recheio! Eu sou recheada, mas também tenho um vazio que de certa forma também me preenche, e que mesmo muito bem acompanhada, sempre serei um pouco só. E eu preciso dessa solidão para ser quem sou e para criar. E isso não precisa ser um peso. O meu vazio não é um vácuo e quero usá-lo para me tornar cada vez mais leve.

E mais leve, pretendo flutuar pela vida, parando para admirar cada instante e viver o que merece ser vivido.

Toda alegria é efêmera.
Toda angústia cessa.          
Todo começo é um fim,
e todo fim é um recomeço.