terça-feira, 22 de novembro de 2011
Pronto Falei!
domingo, 13 de novembro de 2011
Lar
Se eu pudesse estar
Em qualquer lugar,
Se eu pudesse ser
O que eu sonhei pra mim,
Se eu pudesse andar
Por onde eu escolhesse,
Ainda assim...
Eu estaria aqui.
Talvez desse um pulinho
Aqui ou acolá,
Pra abrir mais a cabeça
E ter o que contar.
Talvez eu me perdesse
em ruas por aí,
E desse até vontade de
Por ali ficar.
Talvez, talvez, talvez
Pra me sentir mais viva,
Eu desse uma rodada em ares
De outro mundo...
Mas nem por um segundo
Eu pensaria
Que não voltaria
mais.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Canção do Caminho - Cecília Meireles
sem rumo,
sem nenhum itinerário.
O destino de quem ama
é vário,
como o trajeto do fumo.
Minha canção vai comigo.
Vai doce.
Tão sereno é seu compasso
que penso em ti, meu amigo.
- Se fosse,
em vez da canção, teu braço!
Ah! mas logo ali adiante
- tão perto!-
acaba-se a terra bela.
Para este pequeno instante,
decerto,
é melhor ir só com ela.
(Isto são coisas que digo,
que invento,
para achar a vida boa...
A canção que vai comigo
é a forma de esquecimento
do sonho sonhado à toa...)
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Nenhuma letra foi encontrada
Tudo aquilo que se passa
Dentro da minha cabeça
Eu tentando te dizer
Que não é nada e isso passa
Que é melhor que a gente esqueça
Mas eu sento pra escrever e as palavras se confundem
Com todos os sentimentos
Saem rimas sem sentido
Que nunca vão traduzir
Tudo o que eu não te digo
E eu pensando em transformar
Tudo isso em canção
Mas por mais que eu fique aqui
Não encontro as palavras
Eu pensando em cantar
O que isso é pra mim
Mas meu cérebro só diz:
Nenhuma letra foi encontrada
Nenhuma letra foi encontrada
Nenhuma letra foi encontrada
Nenhuma letra.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Falsa Felicidade
E há dias em que acordo e me escondo bem atrás do meu sorriso.
Pra não fugir demais daquela eterna obrigação de ser feliz
No fundo, escondida, está a angústia de não ter o que preciso
E não saber ao certo mais por onde continuar a procurar.
Porque isso tudo, na verdade, é falsa felicidade
A tal que você veste pra encarar a multidão.
Se ao menos um soubesse o que eu sinto de verdade
Veria que os meus pés não estão grudados mais no chão.
E vagam por aí em vôos rápidos, confusos
Nadando por um ar que é rarefeito e viciado
Tentando encontrar um solo firme e até seguro.
Tentando ultrapassar de alguma forma esse hiato.
E o que eu vou fazer se nunca fui tão conformada
Que a vida é nascer, crescer e se reproduzir?
Se quero mais que dias de trabalho e noites fartas
Se os meus pensamentos não me deixam mais dormir.
Se longe lá, bem longe, vejo um tempo diferente
Se perto, ao meu redor, nada parece funcionar
Se estando nos meus sonhos sou feliz e iludida
E quero muito mais do que nasci para aceitar.
Porque isso tudo, na verdade, é falsa felicidade
A tal que você veste pra encarar a multidão.
Se ao menos um soubesse o que eu sinto de verdade
Veria que os meus pés não estão grudados mais no chão.
E voam.
domingo, 10 de abril de 2011
Essisses... (poema incompleto)
Essa sensação incessante.
Essas lacunas que não cessam.
Essa incompletude que não completa.
Esse vazio que nunca preenche.
Essa ansiedade que me enche.
Esse cansaço mental de pensar.
Esses pensamentos que me deixam sem sono.
Essa insônia que não me deixa.
Essa deixa que não cala.
Esse calar cheio de falas.
Esse martelar de sinos mudos.
Essa cabeça que não desliga.
De jeito nenhum
De jeito nenhum.
Dê jeito?
Nenhum...
domingo, 3 de abril de 2011
Do amor e de furos
Pedaços de mim espalhados
São cacos de um tempo que foi
Junta-los? Difícil, são tantos...
E cortam a alma de dor
E o sangue que sai não se lava
Por mais que se lave, não sai
Por mais que eu esfregue essas manchas
Limpar não estanca o sangue que cai.
As gotas vermelhas e densas,
Perfuram o chão e o amor.
E o vento atravessa e traz frio
Quando só quer sentir-se o calor.
quinta-feira, 3 de março de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Trecho
"Quem foi, perguntou o Celo
Que me desobedeceu?
Quem foi que entrou no meu reino
E em meu ouro remexeu?
Quem foi que pulou meu muro
E minhas rosas colheu?
Quem foi, perguntou o Celo
E a Flauta falou: Fui eu.
Mas quem foi, a Flauta disse
Que no meu quarto surgiu?
Quem foi que me deu um beijo
E em minha cama dormiu?
Quem foi que me fez perdida
E que me desiludiu?
Quem foi, perguntou a Flauta
E o velho Celo sorriu"
Vinícius de Moraes
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Janis Joplin por ela mesma
“A coisa que aprendi sobre ser artista é que aqueles momentos no palco são tudo.
O resto é uma merda, as pessoas sempre tentando arrancar alguma coisa da gente, tentando convencer, você querendo dormir e o sono não vem, às duas da manhã os bares estão fechados e é tudo uma merda. Os músicos que conheço tocam por amor à sua música mesmo, nenhum dinheiro vale o preço que se paga.
Quando comecei a cantar, eu não estava interessada assim em ser uma cantora. Só queria tomar drogas, fumar, comer e beber drogas, e qualquer coisa que pintasse eu queria experimentar. Tive alguns problemas sérios com drogas pesadas, e acabei voltando ao Texas, de onde tinha saído, para tentar juntar os pedaços de mim mesma. Mas não deu para agüentar aquilo lá, e ao mesmo tempo eu tinha medo de voltar para cá e “entrar bem” outra vez. Fiquei lá um ano, desta vez, e não “trepei” uma única vez. Mas com quem se pode “trepar” em Port Arthur? Estava morrendo de tédio, tentando freqüentar a Universidade porque minha mãe queria, e um belo dia um antigo namorado meu apareceu... Já fazia muito tempo, eu tinha voltado à minha cidade e lá estava eu. E aí pintou esse cara e simplesmente me pegou e me jogou na cama, e oh, “bicho” , “trepamos” a noite inteira, e eu adorei. De manhã ele me mandou fazer as malas e disse que íamos para a Califórnia, para cantar rock. Eu fui, e logo entendi que tinha sido convencida a me envolver com rock (até aí eu cantava blues), porque o cara era tão bom de cama. Em São Francisco o rock estava estourando, e ninguém nunca tinha ouvido falar de mim. Eu era apenas mais uma garota das ruas, que só tinha para vestir o que usava para ir à Universidade. Não sabia cantar rock, nunca tinha cantado com instrumentos elétricos nem com bateria: só sabia cantar blues e folk com uma única guitarra. Estava apavorada e morria de medo. Um dia me disseram que subisse ao palco e cantasse, eu fui, e oh bicho, que sensação. Tudo de que me lembro é a sensação. Tudo de que me lembro é a sensação – foi maravilhoso! E eu cantei direito, a platéia começou a dançar, e lá estava eu, com o microfone na mão, comandando a coisa. Quando acabou, eu disse para o pessoal do conjunto que ia ficar com eles. Não me lembro de muita coisa dessa época, só que trabalhamos muito, passamos fome e pedi algum dinheiro a meus pais.
E agora dizem que eu sou uma estrela, e lá dentro sei muito bem que não sou estrela coisa nenhuma, eu me conheço, vivi sempre comigo. Essa moça eu “manjo” – ela se sente sozinha, tem uma coisa que ela sabe fazer bem. Depois de um show, minha roupa está rasgada,meus sapatos cambaios, suada, o cabelo todo despenteado e molhado de suor, o rosto brilhando, um desastre completo. E tudo o que eu quero nessa hora, é ir para casa, tirar a porcaria da roupa e tomar um banho – e alguém assim não é estrela coisa nenhuma. Sei que tive muita sorte. Sei disso porque já estive por baixo, já passei fome e estive doente, já “trepei”com muita gente para conseguir uma cama para dormir. Por isso não me venha com essa história de estrela. Eu dei foi sorte.”