E há dias em que acordo e me escondo bem atrás do meu sorriso.
Pra não fugir demais daquela eterna obrigação de ser feliz
No fundo, escondida, está a angústia de não ter o que preciso
E não saber ao certo mais por onde continuar a procurar.
Porque isso tudo, na verdade, é falsa felicidade
A tal que você veste pra encarar a multidão.
Se ao menos um soubesse o que eu sinto de verdade
Veria que os meus pés não estão grudados mais no chão.
E vagam por aí em vôos rápidos, confusos
Nadando por um ar que é rarefeito e viciado
Tentando encontrar um solo firme e até seguro.
Tentando ultrapassar de alguma forma esse hiato.
E o que eu vou fazer se nunca fui tão conformada
Que a vida é nascer, crescer e se reproduzir?
Se quero mais que dias de trabalho e noites fartas
Se os meus pensamentos não me deixam mais dormir.
Se longe lá, bem longe, vejo um tempo diferente
Se perto, ao meu redor, nada parece funcionar
Se estando nos meus sonhos sou feliz e iludida
E quero muito mais do que nasci para aceitar.
Porque isso tudo, na verdade, é falsa felicidade
A tal que você veste pra encarar a multidão.
Se ao menos um soubesse o que eu sinto de verdade
Veria que os meus pés não estão grudados mais no chão.
E voam.